quarta-feira, 26 de maio de 2010

Uso das ruas: Metabiótica - Alexandre Orion

Pintura e fotografia dividem um mesmo ambiente como dois organismos inseparáveis e incompatíveis entre si. O objeto fotográfico é o ambiente no qual não e distingue o limite entre o elo e o duelo das linguagens. Há algo além das duas óticas: uma fenda tênue e infinita que nos conduz à inexistência.













"Àqueles que porventura, estiverem perguntando que tipo de montagem é essa, respondo: nenhuma! Essas pinturas estão nas paredes das ruas de São Paulo, foram pensadas para se instalarem onde as vemos agora, dentro do quadro fotográfico. Concebidas para ameaçar com sua carga de ficção e com suas falhas representacionais a credibilidade que a fotografia, em geral, sugere. Me atreveria a dizer que essas fotografias compõem não apenas um ensaio fotográfico, artístico, mas são antes um registro, quase fotojornalístico, do duelo entre linguagens. O duelo interminável entre pintura e fotografia que, no tempo da informação, nos faz pensar em quão frágeis são as imagens."
Alexandre Orion










A sociedade existe, a imagem a funda.
A imagem existe, a sociedade afunda.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Resumo Revista Manuelzão edição 52 - mês de junho de 2009

Espelho d’água
O que você esperaria de uma viagem pela Bacia do Rio das
Velhas? Nem sempre o que encontramos foi bonito de se ver

Foi feita uma expedição de 23 dias de navegação pelo Rio das Velhas e a partir de observações foram constatados muitos problemas.
No caminho foram vistas toras de madeira nas beiras da estrada e um caminhão lotado de eucalipto. Mas misturado a elas era possível distinguir espécies de mata nativa.
Havia locais em que a areia é retirada do fundo do rio com um barco e um “coador”. A “ferramenta” é formada por uma vara de uns três metros, com um saco de linhagem na ponta. A expectativa dos tiradores de areia é que o Projeto Manuelzão entre no debate para que a extração seja liberada. O revolvimento do fundo do rio causado pela extração de areia aumenta a turbidez da água, dificultando a entrada de luz, sem contar que pode expor resíduos antigos de mineração.


As margens do Velhas estão salpicadas de lixo. Galhos de árvores “enfeitados” com sacolas plásticas. As matas próximas ao Rio, por vezes frondosas no início da Expedição, no atual trecho do Velhas são escassas. rio catando redes que estão camufladas, para dificultar a fiscalização, em inocentes garrafas pet que bóiam pelo Rio ou em pequenos pedaços de isopor.
Santana do Pirapama não tem aterro. O lixo do município vai para outro lugar. Para um lixão fedorento, cheio de urubus, restos de bichos mortos e tomado por uma fumaça preta. Sim, o lixo é queimado e o chorume acaba chegando aos rios.





Pode fritar?
Os peixes estão voltando para o velhas.
Resta saber se há riscos em consumi-lo

O fato do peixe estar voltando para o Velhas levanta o problema de poder ser consumido ou não. Quem pesca costuma dizer que conhece bem de peixe e faz um exame a olho nu mesmo, para saber se ele está próprio para o consumo ou não.
Só que esse exame a olho nu não é o suficiente. Ele deixa muita coisa passar batido, como a presença de metais pesados e pesticidas. Para determinar exatamente os níveis de contaminação, saber em que medida eles são prejudiciais e se comer o peixe é um risco ou não, é preciso fazer uma análise complexa, relacionando a contaminação da água e a do pescado. Quem come peixe contaminado, contaminado pode ficar. Salmonelose, desinteria, cólera, intoxicações e parasitoses são alguns exemplos de doenças que podem atingir quem consome peixes contaminados. O risco existe, mas a população ribeirinha ainda não tem uma posição definida. Alguns ficam com o pé atrás, mas tem aqueles que acabam comendo. Nem parar de comer, nem comer demais. Por enquanto o ideal é ter cuidado em relação aos peixes do Velhas.


Olhar de volta
O que foi feito na Bacia e como está a situação hoje
De 2003 para cá, o que melhorou? O que continua no mesmo lugar e o que
piorou? Foram levantados alguns pontos críticos para a revitalização da bacia do Rio das Velhas.


- Em relação a disposição do lixo em toda a bacia, em 2003, a maioria dos municípios possuía lixões. Hoje, a situação é crítica no lisão desativado de Nova Lima, que despejou lixo no Rio durante as chuvas de verão. A coleta seletiva chega lentamente aos municípios do alto Velhas. No médio, ainda há problemas de lixões em alguns municípios, como Santana do Pirapama.

- Em relação a nadar na RMBH, em 2003, nadava-se no baixo Velhas, após a foz doCipó-Paraúna. Na RM BH, o nível de coliformes fecais e poluentes industriais tornava a possibilidade de nadar um atentado à vida. Houve melhorias no Arrudas, mas não o suficiente ainda.

- Em relação ao tratamento de esgoto em Belo Horizonte, em 2003, 23% do esgoto era tratado. Hoje, a inauguração do tratamento secundário, que retira a maior parte das impurezas, na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE ) do Arrudas, em 2007, é avaliada como a principal responsável pela melhora da qualidade da água do Rio das Velhas. Já em Sete Lagoas e Sabará, em 2003 estava sem tratamento, e hoje continua sem tratamento.

- Em relação a volta do peixe, em toda bacia, até a altura de Nova Lima, em 2003, predominavam tilápias no Velhas – indicadoras de poluição. Em 2009, com a inauguração da ETE Arrudas, a qualidade das águas do Rio melhorou e, gradativamente, os peixes estão voltando a ocupar a bacia, subindo em direção à nascente. Estão sendo achados dourados, matrinchãs e piaus até próximo de Nova Lima, o que não acontecia em 2003.

- Em relação ao assoreamento no alto Velhas, em 2003, era causado pela mineração na região de Ouro Preto e Itabirito, principalmente nos ribeirões Funil e Maracujá. Em 2009, não havia sinal de melhorias.

- Em relação a mortandade de peixes, entre Santa Luzia e Funilândia, em 2003, eram frequentes no início do período chuvoso. Em 2009, no trecho entre Santa Luzia e Funilândia foi encontrada uma grande mortandade de peixes.

- Em relação a navegação na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em 2003, não havia navegação nem estudos para viabilizá-la. Em 2009, ainda não havia estudos para viabilizar a navegação. Há proposta de navegação turística.

- Em relação a recuperação de Mata ciliar em toda bacia, em 2003, havia desmatamento intenso a partir de Santa Luzia. Em 2009, a situação estava mais grave nos trechos da margem esquerda do Rio.

Resumo Revista Manuelzão edição 51 - mês de maio de 2009




Tempo sem cavernas?
Novo decreto ameaça destruir riquezas naturais de grutas e cavernas


Existe um importante acervo que não está protegido nas galerias e museus. Ele está ao ar livre e corre o risco de desaparecer. As grutas e cavernas brasileiras estão ameaçadas por causa do decreto assinado pelo presidente Lula, em novembro de 2008. A nova legislação define critérios de relevância para a classificação de cavidades naturais. Somente as de importância máxima não poderão ser destruídas.
O secretário executivo da Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE), Marcelo Rasteiro afirma que “se havia uma área que tinha que conservar por causa de cavernas, agora o empreendedor pode minerar ou inundar com uma barragem”. O setor hidrelétrico tem interesse em algumas regiões de cavernas para a construção de barragens. E nas cavidades pode haver extração de minério de ferro, manganês e calcário, que é a base para a indústria de cimento.
A região cárstica, ao norte da Região Metropolitana de Belo Horizonte, pode ser uma das mais prejudicadas. Cavernas da área já foram destruídas mesmo antes do decreto.
A perda, contudo, não tem sido só histórica, já que esse decreto vai inviabilizar a exploração de novos locais para visita. O turismo de grutas e cavernas é pouco desenvolvido no Brasil e a arrecadação ainda é pequena.Quem vem lutando pela anulação do decreto é a comunidade espeleológica. A SBE divulgou um manifesto contrário que, até o dia 26 de março, foi assinado por 196 entidades entre associações de espeleologia e ONGs ambientais. Está em circulação também uma carta de repúdio. Até o dia 6 de maio de 2009, 4104 pessoas já haviam aderido ao abaixo assinado.






Por água abaixo?
Em torno da transposição, debate sobre barragens em afluentes do São Francisco.

Caso uma barragem venha a ser construída na calha do baixo Rio das Velhas entre os municípios de Santo Hipólito e Curvelo, a revitalização pode ser muito prejudicada. Essa possibilidade de construção não está descartada nos últimos planos da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba, a Codevasf. Além do Velhas, o projeto de “revitalização” que ela propõe para o Velho Chico prevê a construção de mais quatro barragens: três na bacia do rio Paracatu e uma no Urucuia
Há quem veja as barragens como parte do Projeto de Transposição do São Francisco – apesar do Governo Federal não deixar isso explícito. Elas seriam uma forma de compensar a perda de água para o sistema elétrico, em decorrência da retirada prevista no projeto.
Os impactos ambientais dessas barragens para a bacia são imensos. As espécies aquáticas têm a sua vida regulada pelos processos de cheia e vazante, que com as barragens tendem a acabar.
O projeto sugere que mecanismos, parecidos com escadas, sejam implementados para que os peixes subam as barragens. Mas, mesmo com isso, há sérios impedimentos à migração dos peixes e à possibilidade deles voltarem a ocupar lugares despoluídos acima da barragem.
No caso do Velhas é possível que os peixes também não suportem as alterações químicas e a proliferação das cianobactérias – microorganismos tóxicos que causam problemas de saúde e deixam a coloração do rio verde.
Sem peixes, transformada num lago verde e putrefato, o projeto da barragem do Velhas ainda prevê que um importante espaço da bacia fique debaixo d’água.
Os prefeitos de Santo Hipólito e Presidente Juscelino se colocam contra o projeto e, por enquanto, têm apoio.
Do outro lado, atrás de apoio político, a Codevasf atrelou geradores
de energia aos projetos das barragens – o que não constava na versão de 2003.



Caiu na rede... é menos peixe de volta ao Velhas.
Se não coibida, pesca predatória pode prejudicar a recuperação da bacia


A volta do peixe deixou de ser apenas um símbolo das ações do Projeto Manuelzão e vem se tornando realidade no Rio das Velhas.
Mas a volta do peixe trouxe uma conseqüência que pode prejudicar o repovoamento deste trecho do Velhas: a pesca predatória. Um dos principais motivos do retorno do peixe é a instalação de estações de tratamento de esgoto (ETE).
Desde 1997, é proibida a pesca profissional – aquela utilizada com fins comerciais – em toda extensão do Rio das Velhas, Determinada pelo Decreto 38.744, a proibição vale também para os afluentes do Velhas.




Laboratório na beira do rio

Antes da revitalização feita pelo Programa de Recuperação Ambiental de Belo Horizonte, o corrégo Baleares tinha um quadro não muito diferente de outros cursos d´água em área urbana. O esgoto era jogado in natura e as margens eram ocupadas por construções irregulares, ou não tinham mata ciliar, ou eram erodidas. Sem mencionar o lixo que ia parar dentro do córrego. Mas hoje a situação é outra. Houve remoção de famílias de suas margens e preservação do leito natural em alguns trechos.
O Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) classifica as águas entre Classe Especial – a melhor, Classe 1, 2, 3 e 4. Quanto menor o número, melhor a qualidade. As águas do córrego estão em Classe 2. Isso quer dizer que de acordo com a legislação brasileira, você pode nadar, pescar e irrigar hortaliças, por exemplo.
A principal causa de poluição antes das intervenções no Baleares era o esgoto. Atualmente, é a poluição difusa. Pode ser a sujeira acumulada nas ruas, a fumaça de fábricas e carros ou até mesmo o lixo não recolhido.
Foi feita uma análise da qualidade hídrica, e da satisfação dos vizinhos em relação ao córrego e às obras. Os resultados foram bem aceitos pela população, o que traz boas perspectivas no processo de implantação e manutenção deste tipo de programa de restauração de rios urbanos. Embora a aceitação tenha sido boa, a opção “avenida sanitária”, com canalização do córrego e construção de larga via nas margens, ainda é apreciada por 51% das pessoas entrevistadas.
Para que as pessoas participem mais, elas têm que perceber a importância de recuperar o córrego e como isso vai trazer melhorias em sua qualidade de vida.

Proposta de intervenção no Rio Arrudas - 2° Apresentação

A proposta é de adaptação do espaço próximo ao rio para a transferência da Feira de Artesanato que acontece aos domingos na Avenida Afonso Pena. Essa proposta poderia se tornar uma bela alternativa para o problema que a feira vem enfrentando no que diz respeito a sua localização. Há algum tempo, tem se discutido a questão de mudança da feira pra outra avenida, como por exemplo, a avenida augusto de lima, no entanto não se chega um consenso. Portanto, a transferência da feira para a beira do Rio Arrudas poderia solucionar essa discussão, já que esse espaço não influencia tanto na dinâmica da cidade como a Avenida Afonso Pena, que é uma via de acesso muito importante para Belo Horizonte.





A Feira é um importante evento na cidade, um atrativo turístico que valoriza o local onde está inserido à medida que recebe vários visitantes. Com a presença da feira aos domingos o contato das pessoas com o Rio Arrudas será maior, permitindo uma maior valorização do rio por parte dos moradores e dos turistas, que muitas vezes passam pela cidade sem perceber sua presença. Além dessa valorização, a presença da Feira Hippie poderá influenciar no comércio local estimulando o funcionamento do mesmo aos domingos, oferecendo uma melhor estrutura aos visitantes.
Para os feirantes a mudança também pode significar um ponto positivo, pois com espaço adequado seria possível uma melhor organização e fiscalização do evento, já que um dos piores problemas enfrentados por eles é a falta de infra-estrutura para comercialização.Nos dias de semana o local precisa ser tão atrativo quanto aos domingos, para isso uma solução seria a implantação de parques e quadras poliesportivas, bem como espaços reservados para bicicletas e para caminhada. Nas duas extremidades do espaço reservado à feira seriam instalados bicicletários que, além de cederem um espaço para que os 'bicicleteiros' guardem suas bicicletas, poderiam fazer empréstimos aos visitantes a fim de facilitar a locomoção.
A instalação dos parque e quadras não significaria um problema aos domingos, pois os parques estariam em plataformas sobre o rio e as quadras poderiam ser feitas de estruturas desmontáveis para que possam ser retiradas nos dias de feira. Para facilitar o acesso seriam implantadas pontes de ligação e faixas de pedestres entre o local e a Avenida dos Andradas.
A mudança não seria desfavorável aos atuais usuários daquele ambiente, pois poderia continuar servindo-os para a prática de exercícios físicos, esportes e lazer, com um espaço agradável, arborizado e com um contato maior com o rio, no caso limpo e tratado.
Mapa de localização.