sexta-feira, 26 de março de 2010

Belo Horizonte por um autor-arquiteto

Trabalho do Prof. Altamiro










A cidade vista de vários ângulos

Trabalho do Prof. Hamilton

Belo Horizonte seduz a todos por sua exuberância, paisagens, arquitetura e pela diversidade de espaços oferecidos aos belorizontinos e visitantes. A maneira como esses lugares são vistos diferenciam-se pelos olhares de cada um. O que pode parecer insignificante para um, pode ser muito importante para o outro, e vice-versa. Analisando esses espaços pelos conceitos de heterotopias, isotopias, utopias e neutros encontrar-se-á certa dificuldade em classificá-los, já que, como foi dito, depende da interpretação individual.

De acordo com Henri Lefebvre, autor do livro “A revolução urbana”, isotopia seria o lugar do mesmo, o mesmo lugar; heterotopia o outro lugar o lugar do outro; utopia o não-lugar, o lugar daquilo que não acontece e que não tem lugar; já os espaços neutros seriam os lugares de passagem, que não são nulos, mas são indiferentes.



Exemplificando podemos citar os shoppings que existem em Belo Horizonte: alguns mais populares, como o Oiapoque e o Xavantes e outros mais elitistas, como o BH shopping. Apesar dessas diferenças, eles apresentam entre si características isotópicas, pois suas lojas estão estruturadas de mesma maneira com a função de venda de produtos negando o espaço externo da rua. Ao negar a cidade eles apresentam-se como heterotópicos, pois se fecham em si formando seus próprios grupos de acesso. O que mostra o caráter relativista da interpretação dos espaços.



Outro exemplo seria os aglomerados. A dificuldade de classificação se dá quando você passa de observador externo a observador interno. Esse primeiro tem uma visão de que todas as vilas são iguais, constituídas de uma desordem, onde moram pessoas de baixa renda, e generaliza essas características tornando-as isotópicas. Já o segundo, possui um olhar mais singular e, por estar mais próximo à realidade do lugar, pode perceber suas diversas formas de ocupação e do espaço. Neste ponto de vista, tornam-se heterotópicos.

A utopia reúne a realidade com a idealização do que se deseja naquele momento, ou seja, é uma apropriação momentânea de um espaço físico para realizar algo que não é característico do local. Como exemplo podemos citar a Feira de Artesanato da Avenida Afonso Pena. Um local com trânsito de carros e pedestres que possui apenas uma função neutra torna-se um espaço de prazer, lazer e compras aos domingos na capital mineira.



Como futuras arquitetas devemos perceber a constante mudança da cidade e criar projetos coletivos identificando os diversos olhares da população a partir da interação entre pessoas e ambiente. Não devemos criar projetos que sejam totalmente desconexos com a realidade da região, pois assim estaríamos criando espaços heteropóticos, talvez sem nenhuma importância.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Belo Horizonte e sua história

Para dar início ao blog resolvi postar a história de Belo Horizonte, sua evolução no que diz respeito à arquitetura, bem como a relação dos belorizontinos com seu espaço urbano . Nossa cidade centenária é uma das primeiras capitais projetadas do país, possui atualmente mais de 2,4 milhões de habitantes e não pára de crescer. A cidade conta com o rico conjunto arquitetônico da Pampulha, composto por museus e obras de Oscar Niemeyer.






HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE


No dia 12 de Dezembro de 1897, Belo Horizonte foi inaugurada, porém parte de suas construções não havia sido finalizada e muitas ruas e avenidas eram apenas “picadas” abertas no meio do mato.Nesta época o país passava por uma crise econômica e, com isso, a cidade não se industrializava no ritmo esperado e expressava uma aparência de um lugar abandonado.

O progresso veio vagarosamente nas duas primeiras décadas do século XX. Aos poucos, pequenas fábricas iniciaram suas atividades, melhorou o fornecimento de energia elétrica, obras inacabadas foram retomadas, as linhas de bonde foram ampliadas e com a criação de praças e jardins a cidade ficou mais arborizada. Devido a esses pequenos investimentos, o número de empregos cresceu e a cidade atraiu mais habitantes. [A cidade como um ímã – Raquel Rolnik]

Comprovando que a cidade ia bem, Belo Horizonte recebeu a visita dos reis da Bélgica; esta ocasião contribuiu para a reformulação de toda a Praça da Liberdade, a qual tem a mesma aparência até hoje. Nesta época a Praça 12 de Outubro passou a se chamar Praça Sete de Setembro e, além do novo nome, recebeu o monumento popularmente conhecido por “pirulito”, a fim de comemorar os cem anos de Independência brasileira. Favelas começaram a surgir e a cidade foi crescendo sem planejamento e muito menos controle, acarretando sérios problemas urbanos.



Entres as décadas de 40 e 50, Belo Horizonte começa a ter um ar de metrópole e adota o perfil industrial. A parte central da cidade recebeu edifícios que a valorizaram ainda mais. O responsável por essa mudança na cidade foi o prefeito Juscelino Kubitschek que realizou vários projetos inovadores proporcionando à cidade projeção internacional. Entre as suas maiores feitorias destaca-se a construção de conjuntos habitacionais; o Complexo Arquitetônico da Pampulha, inaugurado em 1943 na mesma data em que foram iniciadas as obras do Palácio das Artes; ambas desenhadas por Oscar Niemeyer. No final desta década a capital abrigou algumas construções que se destacam até hoje: O Edifício Acaiaca, localizado na Avenida Afonso Pena, o Teatro Francisco Nunes localizado no Parque Municipal e a primeira estação rodoviária.

Com o crescimento urbano desordenado a cidade ia se “desplanejando” e isso tornava-se um fator preocupante em Belo Horizonte nesta. Percebendo esse descontrole, o prefeito Américo René Gianetti elabora um Plano Diretor com o objetivo tornar a cidade mais vertical, assim, uma série de prédios cada vez mais altos foram construídos, entre eles o Edifício Clemente Faria e os projetos elaborados por Oscar Niemeyer: o Terminal JK, o Edifício do Bemge, o prédio do Colégio Milton Campos (atual Estadual Central), o Edifício Niemeyer e a Biblioteca Pública Estadual.

Nas décadas de 60 e 70, o progresso avança por Belo Horizonte assim como o desrespeito por parte dos habitantes pela memória da cidade. Os encantos da “Cidade-Jardim” da década de 20 cediam lugar às avenidas para melhorar o trânsito.

Na década de 70, o caos se instalou em Belo Horizonte. O crescimento desordenado ocasionado pelo aumento da população, já havia excedido há muito os limites planejados da Avenida do Contorno.

Na década de 80 os cidadãos de Belo Horizonte começaram a desenvolver uma consciência mais humanitária em relação à cidade e redescobriram seu espaço nas ruas, que se tornou palco de suas manifestações, protestos e até de suas artes. Em 1982, os belo-horizontinos foram presenteados com dois espaços de lazer: O Parque das Mangabeiras e o Mineirinho. Em 1984 as obras para a canalização do Ribeirão Arrudas foram iniciadas a fim de diminuir os problemas de enchentes que causavam prejuízos na cidade.

Nos anos 90, vários edifícios de importância histórica começaram a ser tombados, preservados, restaurados e receberem mais cuidados. Lugares como a Praça da Liberdade, a Praça da Assembléia e o Parque Municipal foram recuperados e voltaram a ser espaços de convivência dos belo-horizontinos.
E assim, Belo Horizonte, no início do século XXI, vem buscando construir uma visão urbana humanitária, que a possibilite realmente ser uma cidade para todos, sem distinções e reduzindo as desigualdades sociais.


Referência bibliográfica: