Trabalho do Prof. Hamilton
Belo Horizonte seduz a todos por sua exuberância, paisagens, arquitetura e pela diversidade de espaços oferecidos aos belorizontinos e visitantes. A maneira como esses lugares são vistos diferenciam-se pelos olhares de cada um. O que pode parecer insignificante para um, pode ser muito importante para o outro, e vice-versa. Analisando esses espaços pelos conceitos de heterotopias, isotopias, utopias e neutros encontrar-se-á certa dificuldade em classificá-los, já que, como foi dito, depende da interpretação individual.
De acordo com Henri Lefebvre, autor do livro “A revolução urbana”, isotopia seria o lugar do mesmo, o mesmo lugar; heterotopia o outro lugar o lugar do outro; utopia o não-lugar, o lugar daquilo que não acontece e que não tem lugar; já os espaços neutros seriam os lugares de passagem, que não são nulos, mas são indiferentes.
Exemplificando podemos citar os shoppings que existem em Belo Horizonte: alguns mais populares, como o Oiapoque e o Xavantes e outros mais elitistas, como o BH shopping. Apesar dessas diferenças, eles apresentam entre si características isotópicas, pois suas lojas estão estruturadas de mesma maneira com a função de venda de produtos negando o espaço externo da rua. Ao negar a cidade eles apresentam-se como heterotópicos, pois se fecham em si formando seus próprios grupos de acesso. O que mostra o caráter relativista da interpretação dos espaços.
Outro exemplo seria os aglomerados. A dificuldade de classificação se dá quando você passa de observador externo a observador interno. Esse primeiro tem uma visão de que todas as vilas são iguais, constituídas de uma desordem, onde moram pessoas de baixa renda, e generaliza essas características tornando-as isotópicas. Já o segundo, possui um olhar mais singular e, por estar mais próximo à realidade do lugar, pode perceber suas diversas formas de ocupação e do espaço. Neste ponto de vista, tornam-se heterotópicos.
A utopia reúne a realidade com a idealização do que se deseja naquele momento, ou seja, é uma apropriação momentânea de um espaço físico para realizar algo que não é característico do local. Como exemplo podemos citar a Feira de Artesanato da Avenida Afonso Pena. Um local com trânsito de carros e pedestres que possui apenas uma função neutra torna-se um espaço de prazer, lazer e compras aos domingos na capital mineira.
Como futuras arquitetas devemos perceber a constante mudança da cidade e criar projetos coletivos identificando os diversos olhares da população a partir da interação entre pessoas e ambiente. Não devemos criar projetos que sejam totalmente desconexos com a realidade da região, pois assim estaríamos criando espaços heteropóticos, talvez sem nenhuma importância.
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